Estudo desenvolvido numa cooperação do Centro Nacional de
Pesquisas Estratégicas do Nordeste (Cetene) traz grandes esperanças para quem
tem horror ao motor do dentista usado no tratamento de cáries. Em vez do
aparelho que rouba o sono de muitas crianças (e de adultos), pesquisadores
testam uma fórmula com nanopartículas de prata - partículas 50 mil vezes
menores do que a espessura de um fio de cabelo -, que tem ação bactericida.
Os trabalhos mostram que o produto foi capaz de interromper
85% dos processos de cárie uma semana depois da aplicação. "É um resultado
muito animador, sobretudo quando levamos em conta que o método pode ser
aplicado fora da clínica", disse o coordenador do Cetene, André Galembeck.
Feito em colaboração entre Cetene, a Universidade Federal de
Pernambuco e a Faculdade de Odontologia da Universidade Estadual de Pernambuco,
o trabalho avaliou 5,5 mil crianças no Estado. Do total, 2,2 mil tinham lesões
nos dentes. Todas receberam a aplicação da fórmula. Para fazer o estudo, no
entanto, foram levadas em consideração informações coletadas com 130 crianças.
"Não consideramos, por exemplo, aquelas que apresentavam cárie em estado
muito avançado, com comprometimento nos dentes", diz Galembeck.
O grupo foi acompanhado durante um ano. Passado esse
período, pesquisadores identificaram que dois terços das cáries continuavam
inativas. "O resultado é excelente. O processo de infecção foi
interrompido e a recuperação foi identificada, com a remineralização dos
dentes."
Bactericida
A prata iônica é conhecida há tempos por sua ação
bactericida. Ela é usada, por exemplo, nas velas de filtros usadas para
higienizar a água. Segundo Galembeck, no Japão, o produto já é usado para
interromper a ação das cáries. "O grande problema é que ela deixa os
dentes enegrecidos."
A partir desta constatação, os pesquisadores decidiram usar
partículas com dimensões de uma escala equivalente a um bilionésimo do metro,
as nanopartículas. "Os estudos mostraram que o produto feito a partir
dessa tecnologia tem uma ação mais controlada. Ela mantém a ação bactericida,
mas não provoca a escuridão nos dentes, pois o teor de prata é 600 vezes menor
do que a formulação tradicional." A equipe que trabalha em cooperação com
o Cetene, ligado ao Ministério da Ciência e Tecnologia, concentra agora
esforços no desenvolvimento de produtos para prevenção das cáries, feitos a
partir das nanopartículas de prata. Em avaliação estão uma pasta de dente e um
enxaguante bucal. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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